Quarta-feira, 6 de Maio de 2009

Carta ao Presidente da RDTL

 

Exmº.  Senhor Presidente da República Dr. José Ramos Horta
 
 
Tomei a liberdade de lhe endereçar esta carta aberta com a necessidade clara e evidente de fazer uma reivindicação no que diz respeito o processo de construção da nação maubere e o bem-estar do povo e da terra que amamos e que fazemos parte e que nós, a “diáspora” timorense, queremos contribuir.
 
A nossa comunidade na diáspora: Portugal, Austrália, Reino Unido, Indonésia e entre outros países, cresceu. A sua existência foi e é motivada por muitas circunstâncias, guerra, reunificação familiar, repatriação e exílio e migrantes económico.
 
Em vários encontros com a comunidade timorense em Portugal nos tempos da luta, V. Exª. dizia que a nossa comunidade onde quer que esteja deve comportar-se como o povo judeu. Penso que a diáspora do povo judeu quando olha para Israel, olha como um todo, não olha em função de quem governa Israel, de quem está na oposição.
 
Somos “Loro-Sae – Loro-Monu”, somos “Kaladi – Firaku”, somos tokodede, mambae, makasae, galole, kemak, bunak, fataluku, waima.
 
A questão é “quem somos?” Timorense? Maubere?
 
Em cada lar timorense na diáspora há sempre um tais para ornamentar a sala. Na mesa serve-se sempre um prato de “modo-fila”, um “batar-daan”. Nos convívios ou nos festejos há sempre um pouco de tudo que se faz em Timor.
 
Como cosmopolita que V. Exª. é, sabe o que é a vida na diáspora. Quem imigra é como quem faz uma viagem ao desconhecido e sofre muitas das vezes porque não sabe o que encontra em outras terras, desconhece, maior parte dos casos, a língua, os hábitos e costumes. Tudo isso, para buscar emprego, conforto e segurança para a sua família.
 
A diáspora timorense é a continuação de Timor noutras partes do mundo. Está ausente de Timor mas presente em espírito. Com o desenvolvimento massivo de tecnologia que assistimos hoje tudo o que se passa lá a comunidade na diáspora acompanha com a mesma intensidade quanto os que vivem na nossa terra.
 
Prezado presidente, depois de 7 anos de independência, constatamos a falta de oportunidades e o direito legítimo dos nossos conterrâneos terem uma vida digna. Ficamos a saber que cada maubere e buibere precisam ser apadrinhados por um político ou alguém com posição de cimeira nos quadros de administração para conseguirem emprego, tratamento de saúde, atenção da justiça etc. São práticas herdadas pela administração da ocupação que, ainda hoje, continuam ser visível na vida pública do país.
 
Temos orgulho de ser maubere e buibere mesmo vivendo no estrangeiro ou nos países que dispõe emprego e justiça social com uma democracia plena e invejável onde os maus políticos e corruptos só têm um lugar – demitir-se ou serem processados no tribunal.
 
Senhor presidente, quando fazemos essa comparação com a nossa querida terra, salta aos olhos as lágrimas ardentes envolvidas com o sentimento enfurecido de mágoa ao saber que o nosso país está sempre a viver tempos difíceis para o povo e os excluídos, sempre está a propiciar mordomias para um grupo privilegiado que não produz novas perspectivas para seu povo e nem tampouco se preocupam com o futuro de quem vive dentro e fora do país.
 
Dentro desse quadro caótico e obsoleto que se repete diariamente, vimos que o país está esbanjando o dinheiro público da nação, prova disso são as notícias da imprensa que publica aqui e acolá sobre os casos de corrupção e favorecimento nos concursos públicos ou ordenados altíssimos pagos por mês aos muitos acessórios internacionais que têm ocorrido em alguns ministérios que nem um maubere ou uma buibere conseguem-no a vida inteira de árduo trabalho.
 
Reivindicamos do senhor presidente uma reflexão, do resistente e diplomata, quando desafiamos nas cenas internacionais o direito inalienável do povo maubere à auto-determinação para que com a independência o povo tenha a liberdade e consequente bem-estar. Mas hoje o que deparamos é altos salários injustificados dos deputados e dos acessórios internacionais. É um atentado contra o nosso povo.
 
Por Zito Soares às 17:00
| Comentário
1 comentário:
De Henrique Correia a 10 de Maio de 2009 às 04:29
Eu subscrevo esta carta sincera ao Presidente de TL, uma carta que vem de um coração para outro, aquele que espero o Sr. Presidente ainda não perdeu.

Queremos um Timor risonho, talvez ainda pobre por muitos anos, mas honesto e limpo. Um Timor onde todos os seus filhos possam ter um lugar.

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